Oi, meu nome é Kessie, tenho 23 anos,...
Moro no interior da Califórnia numa cidade tranqüila de poucos habitantes... me formei em arquitetura, atualmente trabalho numa construtora e frequento uma academia perto da minha casa,
Moro sozinha num apartamento pequeno, tenho muitos amigos, uma família linda e um coração vazio...
Minha história começa quando eu tinha 10 anos de idade, nessa época eu costumava brincar com as crianças do meu bairro diariamente e tinha um vizinho em especial que se dava muito bem comigo, era meu melhor amigo, o Erick... Os anos se passaram, a gente cresceu
E aquela amizade de infância foi virando amor, nos apaixonamos e naturalmente começamos a namorar... Namoramos por três anos, ele vivia dizendo que adorava meus longos cabelos ruivos e encaracolados , meu nariz arrebitado e meus seios macios. Era o que ele mais elogiava em mim, na infância ele gostava de passar a mão no meu cabelo e dizer que tinha cheiro de melão, crescemos e ele não perdeu o costume...
Quando eu completei 16 anos nós fomos acampar com uma turma de amigos, e no dia de vir embora tivemos uma discussão, eu e o Erick, por motivos de ciúmes (ele era muito ciumento) e eu resolvi vir embora na frente com um casal de amigos e mais uma amiga, sofremos um acidente, nosso carro colidiu com um ônibus. O Douglas, que vinha dirigindo o carro, morreu na hora, as outras duas garotas tiveram ferimentos leves, eu quebrei o nariz, duas costelas e tive vários hematomas, fiquei internada alguns dias meus parentes e amigos me visitavam diariamente, inclusive o Erick, mas só me lembro claramente dele nos três primeiros dias, quando saí do hospital me fizeram uma festa de boas vindas, tudo estava voltando ao normal, exceto o Erick pois eu fiquei um tempo de gesso e não podia acompanhá-lo aos lugares que nós costumávamos ir e ele foi se afastando aos poucos, até que me curei completamente e voltamos a nossa rotina de casal baladeiro, ele era um cara que adorava sair, assim como eu.
Mas depois de um tempo comecei a sentir dores estranhas no seio esquerdo fiz alguns exames e no dia do meu aniversário de 17 anos descobri que tinha câncer de mama, segundo os médicos eu o tinha contraído após o acidente, devido ao impacto da colisão de alguma forma tinha atingindo meu seio causou um nódulo que posteriormente resultou na doença, comecei a fazer tratamento e tive de retirar a mama, o Erick estava comigo fisicamente em muitos momentos mas foi se afastando sentimentalmente de mim e eu sentia isso, mas me calei, afinal minha saúde era o mais importante e estava em risco,eu tinha o apoio da minha família, dos meus amigos... quando comecei a fazer quimioterapia meu cabelo começou a cair, tive de raspar a cabeça e usar lenços, isso não me incomodou muito, o mais importante pra mim era estar viva. Quando o Erick foi me visitar no hospital um dia depois de eu ter raspado a cabeça, eu estava de lenço e ele entrou no quarto mas ficou na porta, falou pouco e evitava me olhar nos olhos, foi então que eu o chamei pra perto, ele hesitou mas se aproximou e pedi que ele me olhasse ele levantou o olhar, como quem está fazendo um esforço tremendo e me encarou com pouca coragem, eu ergui meu braço e tirei o lenço, ele rapidamente olhou pra janela e começou a falar do tempo, e pedi que ele me olhasse novamente, ele olhou, mas ele olhou como se me ver fizesse doer cada músculo do seu corpo mas eu continuei e disse: “O que você acha de mim agora?” e isso me lembrou uma cena de quando nós tínhamos 13 anos e eu estava com uma fita amarela no cabelo e ele estava me admirando eu retirei a fita e perguntei o que ele achava e ele disse com os olhos brilhando: “Está linda, sem fita é melhor ainda mas para de bobagem, você ficaria linda até careca” eu sorri e o pior, acreditei!
Mas naquele momento a resposta dele pra minha pergunta foi o silencio, silencio frio e doloroso, os olhos dele não brilhavam mais, eles mal conseguiam me encarar sem cabelos, ele virou e saiu do quarto, eu chorei. Passei um bom tempo sem vê-lo, me recuperei do câncer, coloquei uma prótese mamária, meu cabelo cresceu e eu segui minha vida, nunca mais me apaixonei de verdade, sinto como se aquele dia no hospital minha capacidade de amor e esperança tivesse se dissolvido em minhas tantas lágrimas... Aquele foi o ultimo dia que chorei por um homem que não fosse meu pai. Depois disso tive vários homens, recebi flores, declarações, juras de amor eterno, lágrimas e canções mil, mas nada me comoveu ou me moveu. Hoje sou incapaz de amar alguém ou de imaginar um futuro, os vejo como pedaços de carne que vão me divertir, me dar prazer e me dizer coisas bobas nas quais eu jamais irei acreditar de coração. O Erick? Encontrei com ele mês passado soube que anda com problemas com a bebida, conversamos por 14 minutos ele tentou me cantar, achei graça, virei as costas e fui embora. Meu coração? De pedra, como de costume.
Gabriela Duarte.
P.s: Gente, desculpa os erros.. Postei esse texto/carta sem revisar antes, bjs.